A comunidade que luta contra o eucalipto para plantar o futuro da serra
A aldeia da Benfeita, perto de Arganil, tornou-se, na última década, um porto de abrigo para cerca de 200 imigrantes e nómadas digitais, que vieram à procura de natureza, formando uma comunidade improvável e cheia de crianças. Após os incêndios devastadores de 2017 e 2025, os novos habitantes e a associação ARBOR convivem com os riscos do verão e lutam ativamente contra a monocultura do eucalipto – visto como o protagonista da calamidade.
Há oito anos que a ARBOR planta espécies autóctones (bétula, sobreiro, carvalho) em encostas, num plano de floresta regenerativa que visa criar barreiras naturais. O projeto, que une vizinhos isolados e produtores florestais (que pedem o cumprimento da lei), confronta-se com a exploração florestal em grande escala que exige dimensão para ser rentável. No meio deste debate económico e ecológico, as comunidades teimam em resistir, provando que a diversidade de culturas – no solo e nas gentes – pode ser a única resposta para que a serra volte a ser casa.