Câmara de Lisboa ordena inspeção a candeeiros 

Autarquia da capital quer averiguação depois de relatos de “eventuais eletrocussões de animais”.
Agência Lusa
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Vão ser avaliados 66 mil candeeiros com cerca de 75 mil luminárias
Fotografia: Vão ser avaliados 66 mil candeeiros com cerca de 75 mil luminárias

A Câmara de Lisboa vai contratar uma inspeção aos 66 mil candeeiros públicos na cidade na sequência de relatos sobre “eventuais situações de eletrocussões de animais”, que criaram “um clima de desconfiança”, revelou a vereadora do Espaço Público.

“Vamos, desde já, avançar com uma contratação externa para inspecionar os 66 mil candeeiros”, com cerca de 75 mil luminárias, disse a vereadora do Planeamento do Espaço Público, Joana Baptista (independente indicada pelo PSD), na reunião pública da câmara, referindo que se trata de uma contratação “com a necessária urgência imperiosa”.

Joana Baptista respondeu assim a questões do vereador do BE, Ricardo Moreira, em substituição da eleita Carolina Serrão, que começou por dizer que “a cidade está tão abandonada que as luminárias, os candeeiros de rua, estão a dar choques a alguns animais”.

O vereador do BE indicou que no Parque das Nações morreu um cão e no Jardim do Torel, na freguesia de São António, houve também um problema relacionado com as luminárias públicas, apresentando um vídeo com um candeeiro a arder, e afirmando que “as pessoas têm medo de passear com os seus cães hoje, por causa das luminárias, e têm receio que os seus filhos tenham problemas, levando um choque em candeeiros”.

“Podemos ou não garantir a segurança total de todas as pessoas de Lisboa relativamente às luminárias”, questionou Ricardo Moreira, referindo que a situação não pode acontecer na cidade e, por isso, é preciso uma resposta rápida.

Em representação da liderança PSD/CDS-PP/IL, a vereadora Joana Baptista disse que, nos últimos dois meses, se têm registado “uma série de relatos sobre eventuais situações de eletrocussões de animais em candeeiros ou perto dos mesmos na cidade de Lisboa”.

“Amplamente noticiados, uns confirmados e outros não, esses acontecimentos têm vindo a ser objeto de inúmeras notícias, muitas delas sem o mínimo apego à realidade”, disse a responsável pelo Espaço Público, indicando que o município recebeu reclamações, requerimentos de grupos parlamentares e até de juntas de freguesias.

Por isso, a Câmara de Lisboa, sob presidência de Carlos Moedas (PSD), considera que se criou “um clima de desconfiança” na rede de iluminação pública que serve a cidade, apontou Joana Baptista.

A vereadora disse ainda que a Direção Municipal de Manutenção e Conservação (DMMC) tem dado a necessária resposta a todas as situações relatadas, com uma componente explicativa e com a apresentação de factos técnicos, medições, relatórios e fotografias, “que permitem enquadrar e esclarecer”.

A responsável pelo pelouro do Planeamento do Espaço Público assinalou que os 66 mil candeeiros públicos na cidade, com cerca de 75 mil luminárias, têm uma idade média elevada e precisam de continuada manutenção e renovação, destacando o investimento previsto no orçamento de 2026, no valor de 10 milhões de euros, para intervir na iluminação pública.

A decisão de uma contratação externa para inspecionar os candeeiros da cidade é justificada com falta de capacidade humana dos serviços da DMMC para avançar com “uma tão grande e abrangente campanha de inspeção”, segundo Joana Baptista.

“É uma contratação com a necessária urgência imperiosa, porque não basta estarmos seguros, há também a perceção da segurança e, portanto, só uma auditoria, uma inspeção, é que pode permitir o necessário reconforto”, declarou a independente indicada pelo PSD.

A vereadora perspetivou que no 1.º trimestre do próximo ano se tenha já uma indicação sobre o estado das luminárias da cidade, “que também permita à Câmara Municipal de Lisboa passar de uma ação, que é meramente reativa, para uma postura proativa e preventiva”.

No final de novembro, a E-Redes esclareceu que existia um cabo subterrâneo com o isolamento rasgado no local onde morreram dois cães em Odivelas, mas não detetou qualquer anomalia na rede elétrica no caso da morte de um terceiro animal em Lisboa.

Em causa estão as mortes de três cães, alegadamente por eletrocussão em postes de iluminação pública na freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, e no concelho de Odivelas, ocorridas em 14 e 15 de novembro.