Vila do Conde quer elevar Rendas de Bilros a Património da UNESCO

Vila do Conde quer candidatar as tradicionais Rendas de Bilros a Património Imaterial da UNESCO. O primeiro passo está dado.

 
Mariana Barbosa
Mariana Barbosa Editora-executiva
22 out. 2025, 14:12

Almofada de Bilros, onde a rendilheira prende um desenho em papelão e os bilros para criar a renda
Fotografia: Almofada de Bilros
É um desejo antigo que está cada vez mais perto de se tornar realidade. A Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde (ADAPVC) já tem garantido o financiamento para a inscrição das Rendas de Bilros no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Trata-se de um investimento de 53 mil euros, cofinanciado pelo Programa Norte 2030 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, que será determinante para a concretização de um objetivo mais ambicioso: a candidatura das Rendas de Bilros a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.

O inventário Nacional é uma etapa prévia obrigatória para qualquer candidatura portuguesa à UNESCO. Em declarações ao Conta Lá, António Saraiva Dias, presidente da ADAPVC, reconhece que “a classificação traz relevo à atividade e isso é importante para chegar a mais pessoas”.

As Rendas de Bilros são um elemento essencial da identidade cultural de Vila do Conde, com uma longa história e impacto significativo na vida social e económica da comunidade local. A ADAPVC admite ter uma expetativa elevada na candidatura. O objetivo é a conservação, a salvaguarda e a divulgação desta tradição ancestral. Atualmente, existem dois centros de Rendas de Bilros em Portugal, um em Vila do Conde e outro em Peniche.

António Saraiva Dias explica que há formação e que “neste momento, são cerca de meia centena de pessoas que estão a aprender a arte”. O presidente da ADAPVC acrescenta ainda que “a Câmara Municipal de Vila do Conde tem apostado no ensino das Rendas de Bilros, incluindo-o no programa de atividades extracurriculares das escolas do concelho. É uma arte que não está em risco de extinção”, conclui. De acordo com a associação, em Vila do Conde existem cerca de 300 pessoas conhecedoras da técnica, mas apenas 30 vivem exclusivamente das Rendas de Bilros.